EMDR: o guia simples e completo para toda a gente
- Ana Mafalda Ferreira
- 7 de out.
- 3 min de leitura
O corpo lembra-se antes da mente. O peito aperta, o estômago vira-se, o sono foge para longe. O EMDR é uma terapia que ajuda o cérebro a “arrumar” o que ficou preso no tempo, para que o corpo possa descansar.

O que é o EMDR?
EMDR significa Eye Movement Desensitization and Reprocessing — Dessensibilização e Reprocessamento por Movimento Ocular. É uma abordagem psicoterapêutica usada para tratar experiências difíceis que continuam a interferir no presente.
De forma simplificada:
Ajuda o cérebro a processar memórias dolorosas.
Usa estimulação bilateral (olhos, sons alternados ou toques suaves) para reprocessar memórias.
Reduz a carga emocional e devolve escolha no presente.
Para que serve?
Quando a marca emocional não passa, mesmo “sabendo” que já acabou:
Traumas (acidentes, perdas, violência, doença, separações).
Ansiedade, pânicos, fobias.
Lutos difíceis.
Insónias e queixas somáticas sem explicação médica clara.
Se tens sintomas, bloqueios ou dores internas que “não fazem sentido”, o EMDR pode ser um caminho.
Como funciona
Em eventos muito intensos, o sistema de alarme fica ligado e a memória pode ficar “mal arrumada”. O corpo reage como se o perigo ainda existisse no presente. A estimulação bilateral ajuda o cérebro a ligar imagem, emoção, sensação e pensamento. A memória mantém-se, mas perde o comando sobre ti. Fica em arquivo, não em função de sirene.
O que acontece numa sessão?
Avaliação e segurança: história clínica, definição de alvos (memórias importantes), criação de base de regulação.
Preparação: exercícios de estabilização (respiração, lugar seguro, ancoragem corporal).
Reprocessamento: focas um alvo (memória/sensação/crença) enquanto acompanhas estímulos bilaterais curtos. Observas o que surge; o cérebro associa e atualiza.
Fecho e integração: confirmas como o corpo fica, levas estratégias para o dia a dia.
Acompanhamento: revêem-se mudanças; se fizer sentido, trabalham-se novos alvos.
Formato: sessões individuais, presenciais ou online, com ritmo ajustado a ti.
O que podes sentir?
Cada pessoa é única. Em geral:
Durante: podem surgir imagens, sensações e emoções em ondas curtas. A terapeuta regula o ritmo.
Depois: leveza, cansaço “bom”, sono mais profundo. Às vezes, sonhos mais vivos nas primeiras noites. É o cérebro a reorganizar.

Mitos e verdades
“É hipnose.” Não. Estás acordado(a) e no controlo.
“Vou reviver tudo.” Não é necessário descrever tudo ao detalhe. O foco é o processamento, não a exposição.
“Funciona rápido para toda a gente.” Depende da história, do corpo e da rede de apoio. O passo e ritmo é o teu.
EMDR e relações
Traumas não resolvidos atravessam relações: aumentam as reações sem pensar e o isolamento. Ao aliviar a carga interna, cresce a capacidade de pedir, ouvir e aproximar. Mais presença, menos alarme. Mais gesto consciente na ligação.
É para mim?
Perguntas úteis:
Há memórias que saltam sem convite? Surgem do nada?
Reages “em excesso” a pequenos elementos do dia a dia, uma palavra ou um gesto, um cheiro?
A cabeça sabe que “já passou”, mas o corpo não acredita?
Se sim, vale uma conversa clínica para perceber se o EMDR é adequado agora.
Segurança primeiro
Processo faseado e ético, com avaliação.
Ritmo ajustado à tua capacidade de autorregulação.
Objetivo: autonomia, menos alarme, mais presença.
O que esperar do processo
Clareza: a história deixa de mandar no presente.
Regulação: o corpo acalma mais depressa.
Escolha: menos impulso, mais decisão consciente.
Relação: mais espaço para nomear, pedir e cuidar.
Como começamos na Attunea
Conversa por telefone informativa, sem compromisso. Ouvimos o que te traz, explicamos o método e avaliamos se o EMDR é o caminho certo agora. Ritmo humano, foco na relação, em formato presencial e online.








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